Para todas as versões de mim que já existiram um dia.
30 de janeiro de 2020
Talvez em algum outro momento, eu odiaria tudo o que vocês fizeram no passado.
Ter começado a namorar cedo. Ter parado de estudar para depois ter que fazer supletivo. Não ter feito aquele intercâmbio aos 17. Não ter juntado dinheiro. A tatuagem de carpa.
Todas essas e outras escolhas erradas, as lágrimas derramadas por bobagens, a falta de confiança, pelas auto sabotagens diárias - eu xingaria cada uma de vocês por isso.
Mas hoje em dia eu compreendo. Mais do que isso, eu perdoo.
Por muito tempo fiquei remoendo esses 'erros', não estava conseguindo seguir em frente porque ficava pensando: "ah se eu tivesse feito assim no passado". E de tanto pensar no que fizemos e no que deixamos de fazer, estava me esquecendo de viver o agora.
Sabe aquele velho ditado que diz que, "águas passadas não movem moinhos"? Ele nunca fez tanto sentido para mim depois que percebi que, ao invés de ir para frente, estava estagnada no sentimento de frustração.
Chegou um momento em que eu só sabia pensar que minha vida poderia estar diferente hoje, se a minha versão dos 11 anos não tivesse parado o curso de inglês ou se a minha versão dos 15 anos tivesse pensado melhor e tivesse se afastado de pessoas que não me levariam para lugar nenhum.
Mas então a vida me mostrou, da melhor maneira, que o passado deve ficar no passado. E que, se eu não tivesse cometido esses supostos erros, eu não estaria onde estou hoje, com a família mais incrível do universo inteiro. Eu não poderia agir diferente antes, porque não tinha o mesmo pensamento que tenho hoje.
Descobri que isso se chama 'evoluir'.
E no processo interminável de evolução, a gente passa a entender que todos cometemos erros e que temos que aprender a lidar com isso. Também começamos a entender que cada um possui seu próprio ritmo e maneira de levar a vida. E acima de tudo, aprendemos a perdoar a nós mesmos por não sermos 'perfeitos'.
Então, eu termino essa carta libertando todas vocês da culpa e do ressentimento. Eu as perdoo, eu as compreendo e eu as agradeço por tudo que fizemos até o exato momento de agora.
A jornada ainda é longa e, se o universo permitir, muitas coisas boas irão acontecer para a melhor versão de nós.
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