Vivendo (ou sobrevivendo) | Life Diary
21 de julho de 2020
Um papo sobre a vida real em tempos de pandemia: já troquei o manequim 36 por 38, já passei do medo para raiva, já não sei se tô surtada ou de boa (um pouco dos dois, talvez).
Já me acostumei a usar a máscara, já acostumei a limpar todas as compras com álcool, já acostumei a lavar a mão toda hora. Só não acostumei ainda com a falta de empatia do ser humano. Eu tenho uma filha asmática. Minha sogra e meu pai são fumantes. Vivo constantemente com medo dessa doença e acho uma sacanagem (para não usar outro palavrão) essas pessoas que dizem: "o que é esse tanto de morte perto da população total do Brasil?". Me pergunto se essa pessoa se importaria se, no meio dos números de mortos, algum fosse da família dele. Fico ainda mais indignada quando vejo que tem gente se achando "intocável" demais para se cuidar. É de querer se mudar para outro planeta, de verdade.
Eu já não assisto mais os jornais. E quando, sem querer acabo vendo, passo raiva. Por outro lado, fico com esperança no futuro quando vejo solidariedade no meio do caos. Eu sei que não vai mudar o mundo eu evitar as notícias ruins, mas pelo menos o meu dia fica mais leve. Eu sou uma pessoa muito, muito emotiva. Qualquer notícia ruim tem o poder de destruir o meu dia. Se eu ver algum animalzinho morto, por exemplo, atropelado no meio da rua, eu fico péssima o dia inteiro.
Para compensar essa instabilidade do novo normal, procuro assistir filmes nos finais de semana. Ou simplesmente durmo e não faço nada. Tomo sol no quintal com a família, brinco com a Harumi. E ainda no meio de tudo isso, percebo como o tempo passa rápido demais e que às vezes parece que estou perdendo alguma coisa, algo que ainda não consigo ver.
E assim vão se indo os dias. Em alguns eu só quero que ele acabe logo, em outros faço planos para o futuro, que eu não sei se está perto ou longe.
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Saudades de ir para parques tirar foto da natureza |
Desculpem o desabafo. Eu, que sempre tentei não me influenciar pela negatividade, acabei aceitando que temos que abraçar nosso lado sombrio, pois nem tudo é maravilhoso o tempo todo. É algo natural, no fim. Sentir medo, raiva, tristeza. Ignorar esses sentimentos 'ruins' não vão faze-los desaparecer. Então a gente sente, a gente expressa da maneira que consegue e depois deixa ele ir embora.
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