Desistir...?
22 de agosto de 2023
Às vezes eu sinto como se eu estivesse em um grande navio. Nele, tudo é estável, tudo é calmo e bonito. O mar agitado não abala suas estruturas; ele continua navegando rumo ao seu destino. O céu acima é sempre limpo, o sol sempre brilha e de noite, as estrelas formam lindas constelações.
Mas então, sem aviso nenhum, sou arremessada ao mar. Sem colete, sem suprimentos, apenas eu em um pequeno bote salva vidas. E ali, diante da imensidão do mar, sou apenas uma partícula de nada. Um amontoado de ossos, carne e sentimentos, que não consegue enxergar terra firme em nenhuma direção que os olhos conseguem ir.
A água salgada não serve para matar a sede. Os braços fracos não conseguem remar. O grito de socorro não chega a lugar nenhum.
Diante de toda essa situação, só o que consigo pensar é em desistir. E por alguns minutos (ou horas, ou meses, enfim) é o que eu faço. Desisto de tudo. Fico à deriva apenas existindo.
Depois de muito tempo, sou resgatada. Mas não estou em terra firme. Estou no navio novamente. E sei que vou estar segura, mas sei que logo voltarei para o pequeno bote. Não sei quando, nem sei como. Só sei.
Porque essa é a vida.
Em alguns dias, a vida é o navio e em outras, ela é o bote. O mar são os nossos sentimentos, desde os superficiais até os mais profundos, ora tão calmos, ora tão revoltos. E a fé é aquilo que não nos deixa desistir de vez. Nesse contexto, ela pode ser a âncora, a vela, o vento, o remo.
Ela é aquilo que me mantém, seja ela o que for.